Trabalhador que ganha um salário mínimo e
meio deverá pagar Imposto de Renda em 2023
A tabela do
Imposto de Renda não é atualizada desde 2015 e já tem impactado famílias de
baixa renda.
O Congresso Nacional estabeleceu,
nesta terça-feira (12), por meio da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o
valor do salário mínimo de 2023, que será de R$1.294.
Com isso, os brasileiros que ganharam 1,5 salário mínimo
(equivalente a R$ 1.941 em 2023) vão ter de pagar o Imposto de Renda Pessoa
Física (IRPF) a partir do próximo ano,
caso a tabela não seja corrigida.
Hoje, quem ganha 1,5 salário mínimo (R$ 1.818 em 2022) é
isento do Imposto de Renda. Confira a tabela
abaixo.
Salário |
Alíquota |
Desconto |
R$ 1.903,98 |
Isento |
0 |
R$ 1.903,99 a R$ 2.826,65 |
7,5% |
R$ 142,80 |
R$ 2.826,66 a R$ 3.751,05 |
15% |
R$ 354,80 |
R$ 3.751,06 a R$ 4.664,68 |
22,5% |
R$ 636,13 |
Acima de R$ 4.664,68 |
27,5% |
R$ 869,36 |
Com a tabela defasada, cada vez mais pessoas com baixa renda
passam a pagar o imposto.
A razão é o congelamento do limite da faixa de isenção da
tabela do IRPF em
R$ 1.903. Ele é o mesmo desde 2015, quando o salário mínimo era de R$
788.
Na época, pagava imposto quem ganhava acima de 2,4 mínimos
(hoje, o correspondente a R$ 2.908).
Quando o Plano Real entrou em vigor, em julho de 1994, a
faixa de isenção do IR era de R$ 561,81, o correspondente a oito salários
mínimos à época - de R$ 70.
LDO
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), aprovada ontem pelo
Congresso, prevê um reajuste do mínimo de R$ 1.212 para R$ 1.294. O valor deve
subir ainda mais por causa da inflação em alta.
O próprio Ministério da Economia já revisou para cima as
estimativas do reajuste e prevê o mínimo em R$ 1.310 a partir de janeiro do ano
que vem.
Tabela do
IR
Para a tributarista, Elisabeth Libertuci, com o salário em
R$ 1.294, o imposto pago sobe 141%. Já com o salário em R$ 1.310,17, o tributo
ficará 169% maior para o grupo de pessoas com baixa renda.
“O efeito é avassalador. O problema de não reajustar a
tabela para as classes mais baixas é que, no final do dia, quem pagará o
Auxílio Brasil adicional é quem ganha menos”, ressalta Elisabeth.
A especialista defende não só a correção do limite de
isenção para um patamar no mínimo próximo de R$ 3 mil, mas também o desconto
simplificado mensal calculado no contracheque do trabalhador para a inflação
não comer a renda até a devolução do imposto pago a mais. Hoje, o desconto é
aplicado apenas no ajuste da declaração anual.